Em setembro de 2025 o Brasil registrou Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República divulgou que o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), por meio da Secretaria de Comércio Exterior, apontou um superávit de US$ 2,99 bilhões. Isso representa queda de 41,1 % frente ao mesmo período de 2024, quando o saldo foi de US$ 5,08 bilhões – o pior resultado para setembro nos últimos dez anos. A notícia chocou analistas, investidores e, sobretudo, o Donald Trump, ex‑presidente dos Estados Unidos, cujas tarifas sobre produtos brasileiros foram apontadas como um dos principais gatilhos da retração.
Contexto da balança comercial em 2025
Desde o início do ano, a trajetória da conta corrente tem sido de alta volatilidade. De janeiro a setembro, o superávit acumulado chegou a US$ 45,48 bilhões, mas ainda assim ficou 22,5 % abaixo do mesmo período de 2024. A queda reflete duas forças opostas: o crescimento robusto das exportações, impulsionado por commodities e manufaturados, e o aumento significativo das importações, sobretudo de bens de capital. Segundo dados da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), as exportações totalizaram US$ 30,53 bilhões em setembro – recorde para o mês – enquanto as importações somaram US$ 27,54 bilhões, um salto de 17,7 %.
Detalhes do resultado de setembro
O volume exportado subiu 9,6 % em valor e 10,2 % em quantidade, mas os preços médios recuaram 2,5 %. Os principais destinos foram a Argentina (+22,0 %), a China (+15,0 %) e a União Europeia (+5,7 %). No acumulado até setembro, a Argentina registrou alta de 48,9 % no volume exportado, enquanto a China avançou 5,8 %.
Por outro lado, as exportações para os Estados Unidos recuaram 20,3 % em setembro, após uma queda de 18,5 % em agosto. A RaioN Consultoria atribuiu esse retrocesso às novas tarifas americanas sobre aço, alumínio e alguns produtos agrícolas, que elevaram os custos de acesso ao mercado norte‑americano.
Reação dos principais atores
Na manhã de 6 de outubro, Lula telefonou para Trump. O discurso, descrito como "amistoso" pela assessoria da Presidência, durou cerca de 30 minutos. Em declaração oficial, o presidente brasileiro afirmou: "Precisamos de regras claras e equilibradas para que nossas exportações não sejam penalizadas por políticas protecionistas". Trump, por sua vez, respondeu que os Estados Unidos estão "dispostos a rever as tarifas caso o Brasil apresente compromissos firmes de compliance".
A conversa gerou expectativa nos mercados. Analistas da Times Brasil sugeriram que um encontro presencial "em breve" poderia abrir espaço para concessões mútuas, sobretudo em setores como aeronáutica e etanol.
Impactos setoriais e regionais
Os números da terceira semana de setembro revelam disparidades sectoriais. A Indústria de Transformação registrou crescimento diário de US$ 70,74 milhões (7,0 %), enquanto a Agropecuária caiu US$ 2,08 milhões (9,5 %) e a Indústria Extrativa recuou US$ 10,83 milhões (14,8 %). Esses movimentos apontam para um realinhamento da cadeia produtiva, onde bens de capital importados – como a plataforma de petróleo proveniente de Singapura – pesam mais que as exportações de commodities.
Nas regiões Sul e Sudeste, onde a indústria automotiva e de máquinas pesa, o aumento das importações de equipamentos provocou um "efeito de aperto" nas margens de lucro. Já no Norte e Nordeste, a queda nas exportações para os EUA afetou principalmente produtores de frutas e café, que dependem de contratos de longo prazo.
Perspectivas e próximos passos
Com a balança comercial em retração, o MDIC indicou que 2025 ainda reserva desafios. A expectativa é que, se as negociações com Washington avançarem, as tarifas possam ser reduzidas gradualmente, permitindo uma recuperação das exportações para o maior mercado do mundo.
Entretanto, analistas alertam que a dependência excessiva de poucos destinos ainda representa risco. Diversificar mercados – ampliando a presença na África e no Sudeste Asiático – pode ser a estratégia mais segura a médio prazo. Enquanto isso, o governo sinaliza apoio ao setor exportador por meio de linhas de crédito e incentivos à inovação tecnológica.
Perguntas Frequentes
Como a queda do superávit afeta as empresas brasileiras?
A redução do superávit indica que as importações estão crescendo mais rápido que as exportações. Para as indústrias que dependem de insumos importados, isso pode significar custos mais altos e pressão sobre a margem de lucro. Por outro lado, exportadores de commodities podem sentir menos impacto imediato, mas a deterioração do saldo comercial sinaliza vulnerabilidade diante de políticas protecionistas.
Qual a importância da conversa entre Lula e Trump?
O telefonema demonstra que o Brasil está buscando dialogar diretamente com os EUA para aliviar as tarifas que penalizam exportadores. Se houver acordo, poderemos ver redução de impostos e um impulso nas vendas para o mercado norte‑americano, o que ajudaria a melhorar o saldo da balança comercial nos próximos meses.
Quais setores devem se beneficiar de uma negociação bem‑sucedida?
Setores como aeronáutica, siderurgia, agronegócio (especialmente soja e carne bovina) e a indústria de automóveis são os mais sensíveis às tarifas americanas. Uma flexibilização poderia reduzir custos de exportação, melhorar a competitividade e gerar mais empregos nesses ramos.
O que o governo pretende fazer para diversificar os mercados?
O Ministério do Desenvolvimento anunciou programas de apoio à exportação para a África e Sudeste Asiático, incluindo missões comerciais, linhas de crédito específicas e simplificação de processos alfandegários. Essas medidas visam reduzir a dependência dos Estados Unidos e da China.
Como a variação cambial pode influenciar o próximo trimestre?
Um real mais forte pode tornar as exportações brasileiras mais caras no exterior, agravando a queda do superávit. Já um real mais fraco pode impulsionar a competitividade dos produtos nacionais, mas também encarecer as importações de bens de capital, como a plataforma de petróleo citada.
Comentários
Paulo Víctor
Vamo virar esse placar, Brasil!
Ana Beatriz Fonseca
Quando analisamos a balança comercial, percebemos que números não mentem, mas as interpretações podem enganar. A queda de 41% no superavit revela uma vulnerabilidade estrutural que não pode ser ignorada. Tarifas americanas são o estopim, mas são apenas a ponta do iceberg de uma política dependente de poucos mercados. O Brasil parece viver à sombra de decisões externas, como se seu destino estivesse atado a um telefone de um ex‑presidente. Essa dependência cria uma ilusão de autonomia que desaparece quando o dólar sobe. Cada centavo que deixa de entrar cria pressão sobre indústrias que já sofrem com custos de capital. O agronegócio, que historicamente foi o alicerce, sente o peso da retração das exportações para os EUA. O mesmo vale para a siderurgia, que vê suas margens comprimidas por tarifas sobre aço. Enquanto isso, a importação de bens de capital aumenta, drenando recursos que poderiam ser investidos em inovação local. O paradoxo está claro: mais capital estrangeiro chega, mas deixa o país mais vulnerável. Não basta culpar Trump; há falhas internas que alimentam o desequilíbrio. A política de crédito do governo ainda não resolve a raiz do problema, que é a concentração de destinos. Diversificar mercados exige estratégia, não promessas vazias. Em síntese, a queda do superavit não é apenas um número, mas um sintoma de uma economia que ainda não encontrou seu caminho independente.
Willian José Dias
É impressionante, como cada contrato de exportação carrega não só mercadoria, mas também cultura, história e identidade! Quando o aço brasileiro chega aos EUA, ele traz consigo a memória dos operários de São Paulo; quando o café desembarca na Europa, ele leva o aroma das plantações do interior, tudo isso interligado por acordos comerciais, tarifas e políticas. O comércio internacional, portanto, não é apenas um fluxo de números, mas um canal de troca simbólica, de reconhecimento mútuo, de influência recíproca. Por isso, ao analisar a queda do superavit, devemos considerar também o impacto cultural que uma barreira tarifária impõe às narrativas que nossos produtos contam ao mundo.
Em síntese, a economia e a cultura são inseparáveis, e políticas protecionistas afetam ambas simultaneamente.
Elisson Almeida
Os indicadores macroeconômicos apontam para um cenário de pressão inflacionária, onde o spread cambial impacta diretamente a competitividade das exportações brasileiras. A deterioração do trade balance reflete não só a alta das importações de CAPEX, mas também a compressão das margens EBIT nas indústrias de transformação. É crucial analisar o efeito de externalities negativas geradas pelas tarifas americanas sobre commodities de alto valor agregado. O ajuste de política fiscal deve buscar mitigação de custos de OPEX para preservar a rentabilidade setorial. Além disso, a diversificação de mercados pode atuar como hedge natural contra volatilidade de demanda externa.
Isa Santos
Na minha visão a economia é quase como um espelho quebrado; cada fragmento reflete uma parte da realidade, mas jamais mostrará a imagem completa. A queda do superavit é um sinal de que estamos encaixando peças num tabuleiro que ainda não entendemos totalmente. Se continuarmos a depender de poucos parceiros comerciais, o risco de desequilíbrio só aumenta. Por isso, é preciso repensar a estratégia de longo prazo, talvez focando em inovação e em novas cadeias de suprimentos. Não se trata só de números, mas de como vivemos dentro desse fluxo constante de recursos.
Michele Souza
Olha, galera, ainda dá tempo de virar o jogo! Se conseguirmos negociar tarifas mais justas e investir em tecnologia, a balança pode se equilibrar de novo. Cada exportador tem um papel importante, e com apoio do governo e da iniciativa privada, vamos superar esse desafio. Vamos juntos transformar essa queda em oportunidade de crescimento!
elias mello
Concordo com o ponto sobre CAPEX e OPEX, Elisson. A gestão de custos realmente faz toda a diferença nos resultados. 🙌 Além disso, vale lembrar que investimentos em tecnologia podem reduzir o OPEX a médio prazo, aumentando a competitividade. 🚀