Art Basel Paris pode superar Basel? Feira ganha força no Grand Palais

Quando Art Basel Paris abriu suas portas no Grand Palais de Paris, de 24 a 26 de outubro de 2025, a comunidade internacional de arte recebeu um sinal claro: a feira francesa está pronta para rivalizar com a lendária edição suiça. A edição suíça, Art Basel Basel, acontece de 19 a 22 de junho de 2025 na Messe Basel. Segundo a análise de Georgina Adam, publicada no The Art Newspaper em 17 de outubro, já surgem dúvidas sobre se o evento original poderá perder relevância.

Contexto da disputa entre as feiras

O calendário de feiras de arte sempre foi apertado, mas 2025 trouxe um choque de datas. A Art Basel Paris inicia três dias depois do encerramento da Frieze London, deixando colecionadores e galerias em trânsito constante. Enquanto isso, a Art Basel Basel mantém sua tradição de junho, mas enfrenta críticas de alguns insiders que temem que a atenção do mercado esteja migrando para o sul da França.

Detalhes das edições 2025

Maike Cruse, Diretora da Art Basel Basel lidera a edição suíça com 289 galerias de 42 países, apresentando novas seções e a primeira recepção dos Art Basel Awards. Já Clément Delépine, Diretor da Art Basel Paris encerra sua gestão em novembro, quando assumirá a Lafayette Anticipations. Ele descreve 2025 como “a primeira edição ‘normal’, livre das incertezas temporárias”.

No Grand Palais, 206 stands ocupam todo o espaço recém‑reformado, um número significativamente menor que o da Messe Basel, mas que traz uma concentração de qualidade que agrada curadores. Em Basel, a área é maior, mas o ritmo de vendas parece ter diminuído, segundo declarações de Marc Glimcher, CEO da Pace Gallery. Glimcher trouxe duas obras de destaque para Paris: um desenho de Pablo Picasso de 1907 e um recém‑atribuído quadro de Amedeo Modigliani de 1918, vendido por pouco menos de US$ 10 milhões a uma instituição europeia.

Reações de galerias e colecionadores

A jovem galeria parisiense Sans Titre, representada por Marie Madec, subiu para a seção principal em Paris e relatou vendas entre €3.500 e €11.000, além de negociações em andamento para uma escultura de Zuzanna Czebatul. Do outro lado, o dealer londrino Alex Vardaxoglou exibiu uma escultura de papel de cinco metros de Tanoa Sasraku, precificada em £185 000, e afirmou que “estou determinado a vender esta obra em Paris”.

Em Basel, alguns grandes colecionadores americanos optaram por pular a feira em favor de Paris, citando a “de‑Basel” – termo usado por Glimcher para descrever a edição suíça como um ‘debacle’. Essa mudança de foco reflete não apenas a localização, mas também a percepção de que Paris oferece um programa mais estável e acessível durante a temporada de alta.

Impactos no mercado de arte

Especialistas apontam que a fragmentação do calendário pode levar a uma “batalha de atenção” onde feiras menores perdem visibilidade. A presença de projetos de grande porte como a nova sede da Fondation Cartier, projetada por Jean Nouvel e inaugurada em 25 de outubro, reforça o magnetismo de Paris. Ao lado deles, a Fondation Louis Vuitton e a Bourse du Commerce, patrocinadas por LVMH e François Pinault, ampliam ainda mais a infraestrutura cultural da cidade.

Os números de vendas ainda são preliminares, mas a transação do Modigliani indica que os compradores estão dispostos a investir cifras de quase US$ 10 milhões em peças de destaque em Paris. Se essa tendência se confirmar, a Art Basel Paris poderá consolidar uma nova hierarquia, onde Basel ainda mantém prestígio histórico, mas perde parte de sua supremacia de volume.

Perspectivas para o futuro

O próximo ciclo da Art Basel Basel está marcado para junho de 2026, e as expectativas são de um “renascimento” impulsionado por novas curadorias e estratégias de marketing. Enquanto isso, a Art Basel Paris pretende expandir ainda mais seu programa de artistas emergentes, reforçando a seção Emergence e marcando presença mais forte no mercado de colecionadores asiáticos.

Se a tendência de colecionadores globais continuar favorável a Paris, poderemos testemunhar um realinhamento duradouro na geografia das feiras de arte, com a capital francesa assumindo um papel central que, até poucos anos atrás, parecia reservado apenas a Basel e a Londres.

Perguntas Frequentes

Como a mudança de foco dos colecionadores americanos afeta Basel?

A diminuição da presença de grandes compradores americanos reduz o volume de vendas e a visibilidade internacional de Basel, pressionando os organizadores a reinventar o programa e buscar novos mercados.

Qual foi o destaque de vendas na Art Basel Paris 2025?

Um quadro atribuído a Amedeo Modigliani, datado de 1918, foi vendido por pouco menos de US$ 10 milhões a uma instituição europeia, marcando uma das maiores transações da edição.

O que diferencia a estrutura do Grand Palais da Messe Basel?

O Grand Palais, recentemente renovado, oferece 206 stands concentrados em um espaço histórico, enquanto a Messe Basel possui uma área maior permitindo mais galerias, mas com menor densidade de público.

Quais são as previsões para a Art Basel Basel 2026?

Organizadores pretendem reforçar curadorias emergentes e atrair compradores asiáticos, buscando recuperar a posição de liderança no calendário internacional.

Por que a Fundação Cartier é importante para o cenário artístico parisiense?

Com sua nova sede projetada por Jean Nouvel, a Fundação Cartier amplia a oferta de espaços de exibição de alto nível, complementando a já robusta infraestrutura cultural de Paris e atraindo mais eventos internacionais.

Comentários

Michele Hungria

Michele Hungria

A despeito das declarações otimistas, a análise demonstra que a Art Basel Paris ainda carece de infraestrutura comparável à Basel, limitando sua capacidade de atrair o mesmo volume de compradores institucionais.

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