IPCA de setembro 2025 sobe 0,48%: inflação volta a subir após deflação

Quando Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta quinta‑feira, 9 de outubro de 2025, os números do IPCABrasília, o índice subiu 0,48% em setembro, revertendo a queda de -0,11% registrada em agosto. O resultado surpreendeu o Banco Central do Brasil, que esperava alta de 0,55%, e reacendeu o debate sobre a política monetária.

Contexto da inflação no Brasil

A inflação acumulada até setembro de 2025 já alcança 3,64% no ano e 5,17% nos últimos 12 meses, ultrapassando o teto da meta de 4,5% definido pelo Conselho Monetário Nacional. Essa pressão inflacionária vem de um conjunto de fatores: ajustes nos preços de energia, variações cambiais e a retomada da atividade econômica pós‑pandemia.

Historicamente, o IPCA tem sido o termômetro oficial da política de juros. Desde 1999, o Banco Central usa o indicador para calibrar a taxa Selic, tentando manter a inflação dentro da banda de tolerância de 1,5% a 4,5%.

Detalhes da variação de setembro de 2025

O grupo Habitação foi o principal propulsor da alta, registrando 2,97% de aumento – o maior salto desde 1995, quando subiu 4,51% em setembro. Dentro desse grupo, a energia elétrica residencial destacou‑se, subindo 10,31% depois de ter caído 4,21% no mês anterior, reflexo do fim do bônus de Itaipu nas faturas.

  • Energia elétrica residencial: +10,31% (impacto de 0,41 ponto percentual no IPCA)
  • Alimentos: -0,35% (impacto de -0,08 ponto percentual)
  • Transporte: +0,22%
  • Vestuário: +0,15%

“O retorno da energia elétrica ao patamar anterior ao bônus indica que o impacto de políticas tarifárias pode ser decisivo para a inflação”, comentou Carlos Souza, diretor de pesquisas do IBGE, durante a coletiva em Brasília.

Apesar da alta geral, os alimentos continuam em queda – quarto mês consecutivo – reforçando a divergência setorial que preocupa analistas.

Reações de autoridades e mercado

Reações de autoridades e mercado

O Banco Central do Brasil citou o Boletim Focus de 6 de outubro, que manteve a projeção de 0,48% para o IPCA de setembro, mas já revisou para baixo a expectativa anual, de 4,81% para 4,80%.

Os principais bancos – Banco Itaú, Bradesco e Santander – ajustaram, em seus relatórios, a previsão de inflação para 2025 para 4,80% e mantiveram 4,28% para 2026, sugerindo que a Selic pode permanecer em patamares elevados até que a inflação volte ao alvo.

“Os dados de setembro reforçam a necessidade de cautela nas decisões de política monetária. Ainda que a tendência de queda no consumo de alimentos seja positiva, a alta de energia é um alerta”, disse Mariana Lima, economista do Banco Itaú.

Impactos para consumidores e política monetária

Para o brasileiro de rua, o efeito mais imediato será no bolso da conta de luz, que deve refletir o aumento de 10% nos próximos meses. Já o preço dos alimentos segue em queda, aliviando um pouco as pressões sobre famílias de baixa renda.

Do ponto de vista do governo, a ultrapassagem da meta de 4,5% pode compelir o Conselho Monetário Nacional a autorizar um ajuste na taxa Selic, que atualmente está em 13,75% ao ano.

O Banco Central do Brasil ainda monitora o IPCA‑15, que ficou em -0,14% em agosto, sinalizando que a pressão inflacionária ainda não se consolidou.

Perspectivas e projeções futuras

Perspectivas e projeções futuras

Analistas do mercado acreditam que a inflação de 2025 deve fechar em torno de 4,80% a 4,85%, com a energia elétrica como principal risco de alta inesperada. Para 2026, a projeção média das casas de análise fica em 4,28%, e para 2027 em 3,90%.

Se a Selic permanecer alta, o custo do crédito continuará oneroso, o que pode frear investimentos e manter o desemprego em patamares próximos de 8,5%.

Entretanto, o governo tem sinalizado que pretende reforçar o programa de eficiência energética, buscando mitigar futuros picos tarifários.

Perguntas Frequentes

Como a alta da energia elétrica afeta o bolso dos consumidores?

A energia elétrica residencial subiu 10,31% em setembro, o que deve se refletir em um aumento de cerca de 8 a 12% nas contas de luz dos domicílios. Esse impacto pode reduzir a renda disponível, sobretudo para famílias de baixa e média renda.

Por que os alimentos continuam em queda apesar da inflação geral subir?

A queda nos alimentos (-0,35% em setembro) se deve à maior oferta de grãos e à estabilização dos preços internacionais do trigo e do milho, que compensam a alta de outros itens.

O que significa a ultrapassagem da meta de inflação de 4,5%?

Estar acima do teto da meta indica que o Banco Central pode precisar elevar a taxa Selic ou manter juros altos por mais tempo para conter a pressão inflacionária.

Qual a projeção de inflação para 2026?

O consenso entre analistas é de que o IPCA deve fechar 2026 em torno de 4,28%, assumindo que os choques de energia sejam mitigados e a política monetária continue restritiva.

A Selic será elevada novamente?

Ainda não há decisão oficial, mas a ultrapassagem da meta e a alta de energia aumentam a probabilidade de um novo ajuste ascendente da taxa Selic nos próximos meses.

Comentários

Jocélio Nascimento

Jocélio Nascimento

A subida do IPCA em setembro evidencia a necessidade de monitoramento cuidadoso das políticas tarifárias, especialmente no setor de energia elétrica.

Camila Alcantara

Camila Alcantara

A verdade que poucos ousam dizer é que a explosão da conta de luz não é obra do acaso, mas resultado direto de decisões miope que privilegiam interesses escusos.
Os aumentos de 10% na energia residencial são sintomáticos de um regime que nada mais faz senão espremer o cidadão comum.
É inadmissível que o governo, ao mesmo tempo em que se gaba de controle inflacionário, permita que a energia seja a bomba de tempo para a classe média.
Enquanto o IBGE lhe entrega números, o Ministério da Energia parece dormir em marasmo, alheio ao sofrimento das famílias.
Os preços dos alimentos caindo são um alívio superficial que mascara o verdadeiro vilão: a energia.
Se não houver intervenção forte, a conta de luz vai devorar salários, aposentadorias e até o que sobra de crédito.
É hora de cobrar medidas contundentes: fiscalização rigorosa das concessionárias e revisão imediata das tarifas.

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