Imagem Gerada por IA de Machado de Assis Recepciona Miriam Leitão na ABL e Gera Comentários na Posse

Miriam Leitão entra para a ABL ao lado de Machado de Assis — pelo menos na tela

No meio da cerimônia que marcou a entrada de Miriam Leitão na Academia Brasileira de Letras (ABL), uma imagem roubou a cena: Machado de Assis, recriado por inteligência artificial, surgia como se recebesse a nova imortal. Não demorou para o público cair na risada, principalmente com o comentário bem-humorado do acadêmico Antônio Carlos Secchin, que questionou: “Acertaram o Machado, mas e a Miriam?” A brincadeira pegou, mas também levantou uma dúvida: a foto seria real? Não era. O retrato foi feito exclusivamente para este momento, misturando tecnologia de ponta com uma das tradições culturais mais antigas do país.

Ninguém ali foi pego de surpresa pela homenagem a Machado de Assis — o fundador e primeiro presidente da instituição sempre aparece nas celebrações importantes. Só que dessa vez, a ABL resolveu inovar. Em vez de um quadro pendurado ou fotografia antiga, a recepção foi digital, desenhada por IA para simbolizar a continuidade e a renovação dos imortais.

Mais mulheres, tecnologia e tradição: os recados da posse

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A posse de Miriam Leitão, aos 72 anos, marca um novo capítulo não só para ela, mas para toda a Academia. Depois de mais de 50 anos como repórter, editora e colunista, além de autora de 16 livros, ela entrou para a história como a 12ª mulher a se sentar entre os membros da instituição desde a sua fundação, em 1897. Logo na eleição de abril, Miriam recebeu 20 dos 34 votos possíveis, um reconhecimento do peso de sua trajetória no jornalismo e na literatura brasileira.

O clima no salão lotado alternava entre solenidade e informalidade, típico de eventos com nomes tão fortes. Ana Maria Machado colocou o colar da Academia em Miriam, Ruy Castro entregou o diploma e outros acadêmicos formaram comissões para acompanhá-la nos rituais de entrada e saída — entre eles, estavam figuras conhecidas como a escritora Rosiska Darcy de Oliveira, a atriz Fernanda Montenegro e a historiadora Lilia Moritz Schwarcz. Até a tradição se misturou ao contemporâneo.

Assumindo a cadeira 7, Miriam ocupa o espaço deixado pelo cineasta Cacá Diegues, falecido no começo do ano. A troca não foi só de nomes, mas de representatividade: cada nova integrante também amplia a voz feminina na ABL, que por décadas foi território quase exclusivo de homens.

O uso da inteligência artificial na celebração também deixou claro que a Academia não está alheia às discussões do presente. A imagem de Machado de Assis criada digitalmente não era “fake news”, foi um gesto simbólico, aprovado e exibido de forma transparente. Mesmo com piadas sobre os traços dos personagens, a mensagem ficou: tradição e tecnologia podem caminhar juntas, especialmente quando trata-se de reforçar a importância da cultura no Brasil.

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