
Na madrugada de 31 de dezembro de 2024, a Avenida Paulista foi palco da São Silvestre 2024, a corrida mais tradicional da virada de ano no Brasil. Mais de 15 mil corredores de diferentes partes do globo encurtaram o percurso de 15 km, mas foram poucos os que subiram ao pódio. O destaque ficou com os atletas do Quênia, que colheram mais uma vitória em solo paulista.
Domínio queniano na prova
Na categoria masculina, o queniano Wilson Too cruzou a linha de chegada em 44 minutos e 21 segundos, batendo o recorde da edição de 2023 por quase 30 segundos. Logo atrás, Joseph Panga, da Tanzânia, registrou 44 minutos e 51 segundos, enquanto Reuben Poghisho, também do Quênia, chegou em 45 minutos e 26 segundos. O brasileiro Johnatas Cruz garantiu o quarto lugar com 45 minutos e 32 segundos, mas ficou fora do pódio, marcando a maior presença nacional entre os homens.
O feminino seguiu a mesma lógica: Agnes Keino, do Quênia, venceu em 51 minutos e 25 segundos, mostrando um ritmo superior ao da maioria dos concorrentes. Cynthia Chemweno, colega de equipe, ficou logo atrás, completando o percurso em 52 minutos e 11 segundos. O resultado reforça a tradição de atletas quenianos nas corridas de rua de longa tradição, que combinam velocidade, resistência e táticas de grupo.

Desempenho brasileiro e perspectivas
O terceiro lugar feminino foi a grande surpresa nacional. Núbia de Oliveira, de 22 anos, nascida em Campo Formoso (Bahia), bateu a marca de 53 minutos e 24 segundos, superando a tanzaniana Anastazia Dolomongo (53:29) e garantindo a primeira vez que uma brasileira sobe ao pódio da São Silvestre feminina desde 2017. "Hoje mostramos nossa força. Sonho grande, e sei que podemos chegar ao topo", declarou a atleta, emocionada.
Além de Núbia, a quinta colocação ficou com Tatiane Raquel da Silva, multi‑campeã nas provas de 1500 m, 3000 m steeplechase e 5000 m, que completou a corrida em 53 minutos e 51 segundos. No masculino, apesar de não ter entrado no pódio, Johnatas Cruz foi o melhor brasileiro e agora mira melhorar seu tempo para futuros desafios internacionais.
Especialistas apontam que o desempenho de Núbia sinaliza uma mudança de cenário. "A presença de jovens talentos como a Núbia indica que o Brasil está investindo em preparação de elite", afirma o treinador de atletismo Carlos Duarte. Ele destaca que a combinação de treinamento de altitude, apoio nutricional e a experiência em competições internacionais tem sido crucial.
A corrida São Silvestre, que começou em 1925, sempre foi um termômetro da forma física dos corredores de rua. A edição de 2024 manteve o caráter festivo da data, mas também evidenciou a necessidade de políticas de apoio ao atletismo nacional, sobretudo para fechar a lacuna com os corredores do leste‑africano.
Enquanto o continente africano segue dominando as provas de resistência, os brasileiros agora têm motivos para acreditar que a próxima edição pode reservar novas surpresas. A torcida paulista, ainda que cansada depois da festa de Ano Novo, saiu da avenida com esperança de ver um atleta nacional cruzar a linha de chegada em primeiro lugar nos próximos anos.
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