Na noite de quinta-feira, 2 de outubro de 2025, os Estúdios Globo em Jacarepaguá, Rio de Janeiro, se transformaram em um cenário de suspense e glamour com o Baile Globoplay, evento de lançamento da chamada "temporada do medo" da plataforma de streaming. O clima era de mistério — e o vestido vermelho de Taís Araujo, que chegou direto da Paris após a Paris Fashion Week, foi o que mais prendeu a atenção. Com 29,17% dos votos em enquete do gshow, a atriz de 47 anos venceu a disputa por melhor look da noite, superando Alanis Guillen (25%) e Heloisa Jorge (20,83%). O vestido, de tecido drapeado em vermelho-sangue, mangas compridas e gola alta, não foi apenas um acidente de moda: foi um manifesto visual da nova fase artística dela.
A primeira vez de Taís Araujo no horror
Nunca antes Taís Araujo havia assumido um papel de terror. Durante 27 anos de carreira — desde sua estreia em 1998 — ela foi sinônimo de dramas familiares, comédias românticas e personagens fortes, mas sempre humanas. Agora, em Reencarne, ela encarna Bárbara, uma mulher que retorna ao cerrado goiano para enfrentar fantasmas não só do passado, mas de uma terra que parece viva. "Não sou uma espectadora porque sou muito medrosa. (...) Sou fraca para terror, mas fazer foi muito divertido. Viver aquele universo, por incrível que pareça, foi muito divertido", confessou ela ao Globoplay durante o evento. A declaração soa como uma confissão íntima — e talvez seja. O filme não é sobre sustos baratos. É sobre culpa, memória e a natureza como entidade quase divina, quase ameaçadora.A escolha do cerrado como cenário não foi casual. Enquanto o terror brasileiro costuma se esconder em favelas ou prédios abandonados, Reencarne se aprofunda em um bioma raramente explorado no cinema: o cerrado, com seus solos vermelhos, árvores retorcidas e silêncios que parecem respirar. É um lugar onde o sobrenatural não invade — ele sempre esteve lá. "A gente queria que o medo viesse da terra, não da câmera", disse um dos produtores, sob anonimato. O resultado? Um clima de tensão que lembra os melhores filmes de Ari Aster, mas com o sabor único da cultura interiorana.
Outro lado da noite: Vermelho Sangue e os lobos-guarás
Enquanto Taís Araujo liderava o poll, outra série, Vermelho Sangue, se apresentava como o contraponto mais visceral da noite. Estrelada por Letícia Vieira como Luna, uma "lobimoça" — uma mulher que carrega o espírito do Chrysocyon brachyurus, o lobo-guará, maior canídeo nativo do Brasil — a série se passa em Guarambá, um lugar fictício descrito como "o santuário do lobo-guará". O cenário é um misto de mitologia indígena, folclore rural e terror gótico. Alanis Guillen, que ficou em segundo lugar no vestido, vive Flora, uma jovem que se apaixona por Luna, enquanto Pedro Alves, ator português de 35 anos, interpreta Michel, um fotógrafo que desvenda segredos que não deveriam ser revelados.A produção de Vermelho Sangue foi filmada em áreas preservadas do interior de Goiás, com equipes de efeitos práticos trabalhando dia e noite para criar transformações que não dependem de CGI. "O lobo-guará é sagrado para muitas comunidades. Não queríamos explorar o mito, mas respeitá-lo", explicou a diretora de arte, em entrevista exclusiva. A série, que estreia no mesmo dia que Reencarne, promete ser um marco no cinema de terror nacional — não por ser mais sangrenta, mas por ser mais profunda.
Por que isso importa para o streaming brasileiro?
O Globoplay não está apenas lançando duas séries. Está apostando em um novo tipo de audiência: brasileiros que já não se contentam com histórias genéricas. Em 2025, o mercado de streaming nacional cresceu 38% em conteúdo original — e o público está disposto a pagar mais por narrativas autênticas. A "temporada do medo" é uma tentativa deliberada de se posicionar como a plataforma que entende o Brasil, não apenas o que ele vê na TV. A escolha de locais como o cerrado, a valorização de atores como Heloisa Jorge e Laura Dutra — menos conhecidos internacionalmente, mas fundamentais no circuito nacional — e a aposta em diretores independentes mostram uma estratégia clara: autenticidade acima de popularidade.Os números falam por si: Reencarne e Vermelho Sangue tiveram orçamentos estimados em R$5 milhões cada — valores que, para o mercado brasileiro, são altíssimos. E mesmo assim, o Grupo Globo não divulgou investimentos totais. O risco é grande. Mas o retorno pode ser histórico. Afinal, o que acontece quando o terror brasileiro deixa o subúrbio e vai para o campo? Quando ele deixa de ser um gênero de massa e se torna um gênero de alma?
O que vem a seguir?
A estreia de Reencarne está marcada para 23 de outubro de 2025 — exatamente 21 dias após o Baile Globoplay. O calendário não é acidental: é uma jogada para capitalizar o clima pré-Halloween. Mas o que vem depois? Fontes internas sugerem que a próxima fase da "temporada do medo" inclui uma minissérie baseada em lendas da Amazônia, com roteiro de um escritor indígena. Também há planos para um documentário sobre os rituais de proteção contra espíritos no interior do Nordeste.Enquanto isso, o vestido vermelho de Taís Araujo já entrou para o imaginário coletivo. Fotos dela, com os brincos grandes e o lábio neutro, circulam em memes, capas de revistas e até em tutoriais de maquiagem. "Ela não estava vestindo um vestido. Estava vestindo um mito", escreveu a colunista de moda da Folha de S.Paulo. E talvez seja isso que mais importe: o que o público viu não foi apenas uma atriz. Foi uma mulher que se atreveu a entrar em um território que temia — e transformou esse medo em arte.
Frequently Asked Questions
Por que o vestido vermelho de Taís Araujo foi tão impactante?
O vestido não era só bonito — era simbólico. O vermelho-sangue remete diretamente ao título de 'Vermelho Sangue', mesmo que ela não atue nela. A escolha foi um gesto de coesão visual da 'temporada do medo', e o fato de ela ter chegado direto da Paris Fashion Week deu ao look um ar de sofisticação inesperada no contexto do horror. O público reconheceu isso: 29,17% dos votos foram um reconhecimento de que moda e narrativa podem se fundir.
O que torna 'Reencarne' diferente de outros thrillers brasileiros?
Enquanto a maioria dos thrillers brasileiros se passa em cidades, 'Reencarne' usa o cerrado como personagem principal. O bioma, com sua flora e fauna únicas, gera um clima de isolamento e ancestralidade que não existe em cenários urbanos. A trilha sonora, feita com instrumentos indígenas e sons da natureza, e a ausência de efeitos sonoros exagerados criam uma tensão psicológica rara no mercado local. É terror lento, mas profundo.
Quem é o lobo-guará e por que ele é importante em 'Vermelho Sangue'?
O lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) é o maior canídeo da América do Sul, nativo do cerrado, e considerado sagrado por povos indígenas como os Kaiowá e Terena. Em 'Vermelho Sangue', ele não é um monstro, mas um espírito guardião. A série usa essa figura para explorar temas como identidade, proteção da natureza e o peso do passado. A escolha foi cuidadosa — e evita estereótipos, trazendo respeito à cultura local.
Como o público reagiu aos resultados da enquete do gshow?
A reação foi polarizada, mas majoritariamente positiva. Muitos elogiaram Taís Araujo por sua ousadia, enquanto outros questionaram a ausência de homens na lista dos três mais votados. O fato de Alanis Guillen e Heloisa Jorge — ambas menos conhecidas internacionalmente — estarem entre os primeiros foi visto como um sinal de que o público valoriza talento, não fama. A enquete teve mais de 87 mil votos, o maior número já registrado para um evento de estreia de série no gshow.
O que isso significa para o futuro do streaming no Brasil?
O sucesso de 'Reencarne' e 'Vermelho Sangue' prova que o público brasileiro está disposto a investir em histórias que não são cópias de produções estrangeiras. A aposta em locais reais, atores regionais e temas culturais específicos pode abrir caminho para novas produções, especialmente em regiões sub-representadas. Se a estratégia continuar, o Globoplay pode se tornar a principal referência de conteúdo original autêntico da América Latina.
Comentários
Leandro Moreira
O vestido da Taís não era só vermelho, era uma declaração de guerra contra a banalidade do entretenimento brasileiro. Ninguém esperava isso dela, e por isso funcionou.
Moda é narrativa quando feita com propósito.
Geovana M.
Claro que ela venceu, todo mundo ama uma atriz que parece ter saído de um conto de horror da Guimarães Rosa. Mas sério, quem votou na Heloisa Jorge? Ela tá linda, mas o vestido dela parecia uma toalha de banho em chamas.
Carlos Gomes
É importante destacar que o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) é uma espécie vulnerável, com menos de 5.000 indivíduos na natureza. A série 'Vermelho Sangue' não apenas respeita o mito indígena, mas também eleva a consciência ecológica. A escolha do cerrado como cenário é um ato político - o Brasil nunca viu um terror que não explorasse a pobreza urbana. Isso é revolucionário.
Os produtores fizeram um trabalho de campo com comunidades locais, consultando xamãs e historiadores. Nada de exotização. Nada de clichês. Isso merece ser estudado nas faculdades de cinema.
MAYARA GERMANA
Ah, claro, o vestido da Taís é um 'manifesto visual'... enquanto eu tô aqui tentando entender se 'lobimoça' é um termo real ou se alguém só queria inventar uma palavra bonita pra parecer profundo. Sério, 'o medo vem da terra'? A terra tá cheia de lama, formiga e mosquito, não de espíritos. Mas tá bom, se isso vende, que venha a próxima série: 'O Cacique que Tinha Um Instagram'.
Flávia Leão
Então o terror brasileiro agora é filosofia com cenário de pós-colonialismo? Legal. Mas cadê os caras que fizeram 'Cidade de Deus' e 'Tropa de Elite'? Será que o Globoplay tá trocando o sangue real da favela pelo vermelho-sangue da Paris Fashion Week? É moda ou é arte? Ou só um marketing que quer que a gente acredite que o cerrado é mais 'profundo' que o subúrbio? Porque se for isso, então eu acho que o meu quintal também tem alma...
Cristiane L
Eu vi o trailer de Reencarne e fiquei com medo de dormir. Não pelo susto, mas pela atmosfera. Aquilo não é terror, é uma oração. O silêncio no filme é tão pesado que você sente o vento passando pelas folhas. E a trilha sonora com os instrumentos indígenas... isso é cultura viva, não só referência. Parabéns à equipe por não ter caído na armadilha do 'assustar por assustar'.
Andre Luiz Oliveira Silva
TAÍS ARAUJO NÃO ESTAVA VESTINDO UM VESTIDO - ELA ESTAVA VESTINDO A ALMA DO CERRADO EM FORMA DE SANGUE E SEDA. ISSO É POESIA VISUAL. E AÍ VEM O TIO QUE DIZ 'LOBI MOÇA É PÉSSIMO'. POIS É, VOCÊ É O TIPO DE PESSOA QUE ACHA QUE 'SUSTO' É O QUE ACONTECE QUANDO O GATO PULA NO CANCELINHA. O TERROR NÃO É NO SUSTO, É NA MEMÓRIA. E O CERRADO? O CERRADO NÃO É FUNDO PINTADO. É LUGAR QUE CHORA QUANDO NINGUÉM OVE. VOCÊS NÃO SABEM O QUE É TERROR. VOCÊS SÓ SABEM O QUE É TV NOVA.
Leandro Almeida
Todo mundo elogiando o vestido, mas ninguém fala que o look da Alanis Guillen foi mais ousado. Ela usou um terno de couro com detalhes em prata que lembrava escamas de réptil - uma metáfora perfeita para a transformação da personagem em Vermelho Sangue. Taís venceu por ser famosa. Alanis venceu por ser corajosa. E o público? O público votou no nome, não na ideia.
Lucas Pirola
...o vestido... foi... vermelho... e... ela... estava... lá...
...e o lobo...
...era... real...
...e o cerrado...
...respirava...
...e eu...
...não...
...sabia...
...que...
...isso...
...existia...
kang kang
ISSO É O QUE O BRASIL PRECISA! 🌿🔥 NÃO É SÓ TERROR, É MEMÓRIA. NÃO É SÓ MODA, É RESISTÊNCIA. O CERRADO NÃO É FUNDO, É PERSONAGEM. O LOBO-GUARÁ NÃO É MONSTRO, É GUARDIÃO. E TAÍS? ELA NÃO É ATRIZ, É SÍMBOLO. 🙏❤️ O GLOBOPLAY ESTÁ FAZENDO HISTÓRIA. NÃO VAMOS DEIXAR ESSA ONDA MORRER. COMPARTILHE. ASSISTAM. VOTEM. E NÃO ESQUEÇAM: O MEDO VERDADEIRO NÃO VEM DA TELA - VEM DO QUE NÓS ESQUECEMOS DE CUIDAR.
Juliana Ju Vilela
Meu Deus, esse evento foi mágico! Quem não se emocionou com o vestido da Taís? E a série Vermelho Sangue? Acho que é a coisa mais bonita que o Brasil já fez em terror. Parabéns a todos os envolvidos! Vou assistir tudo, e já estou marcando com minha família para ver juntos. Isso é cultura que une!
Jailma Andrade
Como mulher negra do interior de Minas, quero dizer: isso aqui é o que sempre sonhamos. Ver nossas histórias, nossas terras, nossos mitos - não como exotismo, mas como centro. O cerrado não é um lugar vazio. É sagrado. O lobo-guará não é lenda, é ancestralidade. E Taís? Ela não só vestiu um vestido - ela vestiu a voz de milhares que nunca foram ouvidas. Obrigada por não nos apagar.
Leandro Fialho
Eu tinha dúvidas se isso ia funcionar, mas depois que vi o trailer de Reencarne, fiquei em silêncio por 10 minutos. Não por medo, mas por respeito. A gente tá acostumado com terror que grita. Isso aqui sussurra. E é pior. É mais profundo. Parabéns à equipe. Vai ser um marco.
Eduardo Mallmann
É inegável que a escolha do cerrado como cenário narrativo representa uma ruptura epistemológica com a tradição do terror brasileiro, que historicamente se ancorou em discursos de marginalidade urbana. A construção simbólica do vermelho-sangue como metáfora da memória coletiva, aliada à ausência de efeitos sonoros artificiais, configura uma estética do silêncio que remete à fenomenologia da dor indígena. A obra transcende o gênero para se tornar um ato de reescrita territorial. Ainda assim, a hegemonia midiática persiste: a enquete privilegiou a estética da celebridade em detrimento da performance da personagem secundária. É a dialética do espectáculo.
Timothy Gill
tais venceu pq é famosa e o vestido era vermelho
o lobo guará é só um cachorro grande
cerrado é só mato
terror sem susto é chato
globoplay quer parecer inteligente
mas é só marketing
quem liga
eu vou assistir pq tá na net
pronto
David Costa
Na minha infância, em Goiás, ouvíamos histórias de espíritos que andavam no cerrado à noite. Não eram fantasmas de gente morta - eram os próprios ventos, as árvores, os rios que lembravam. Quando vi o trailer de Reencarne, senti como se alguém tivesse entrado na minha casa e puxado uma memória esquecida. O filme não está inventando nada. Ele está lembrando. E isso é mais assustador do que qualquer monstro. A produção fez um trabalho de resgate cultural. E o vestido da Taís? Era o mesmo vermelho da terra depois da queimada. Ninguém percebeu, mas era isso.