
Vinte e seis celebridades, R$ 2 milhões em jogo e uma pegadinha logo de cara: dois moradores não são jogadores de verdade. Foi assim que a A Fazenda 17 abriu os trabalhos nesta segunda, 15 de setembro de 2025, às 22h30, na Record TV. Com 95 dias de confinamento, Adriane Galisteu no comando e um cenário turbinado, a nova temporada aposta em tensão psicológica para virar assunto diário.
O tempero principal do começo de jogo são os infiltrados. Eles entram, convivem, criam laços e, enquanto isso, cumprem tarefas secretas por uma semana. Os demais precisam farejar quem está ali para sabotar — e, se acertarem em número suficiente, viram o jogo e faturam dinheiro. Se errarem, fortalecem o enredo do mistério e ainda veem um prêmio escapar para quem só estava de passagem.
Como funciona o jogo dos infiltrados
São dois infiltrados: Carol Lekker e Matheus Martins. Cada um entra achando que é o único “agente” dentro da sede. Eles recebem missões diárias e semanais — ações específicas que testam a capacidade de agir sem levantar suspeitas. Valem R$ 50 mil no total. Há regra dura: a cada missão falha, descontam R$ 5 mil do prêmio potencial.
No fim do período, os peões votam em quem acham ser o infiltrado. Se cinco ou mais participantes acertarem um nome, os R$ 50 mil são divididos entre os acertadores. Se a casa errar, o infiltrado leva o valor acumulado. Fechado o ciclo, os dois deixam a sede principal, mas seguem como reservas: se alguém desistir ou for desclassificado, podem voltar ao jogo como participantes oficiais.
Por que isso mexe tanto com a estratégia? Porque desloca a atenção do básico (voto, afinidade, prova) para um jogo de leitura de comportamento. O infiltrado precisa ser útil e, ao mesmo tempo, invisível. Quem está jogando “de verdade” precisa desconfiar sem bancar o paranoico. A dinâmica força alianças mais rápidas, acelera conflitos e muda a régua da confiança no curto prazo.
Outro efeito colateral: a votação de desmascaramento vira um termômetro social. Quem cravar os nomes pode ganhar moral na casa e com o público. Quem errar feio cria ruído com a própria base de aliados. E, se a casa vacila, dá palco e dinheiro para quem não ficará no jogo — um golpe na vaidade de qualquer competidor.

Elenco, novidades e o que muda no jogo
A lista de participantes mescla TV, internet e música, de olho em públicos diferentes. O nome que mais chama atenção do grande público é o de Gabriela Spanic, atriz venezuelana que entrou para a cultura pop brasileira com A Usurpadora, sucesso no fim dos anos 1990. A presença dela deve puxar audiência nostálgica e curiosidade de quem quer ver como uma estrela de novela lida com rotina de fazenda e convivência 24 horas.
Outros nomes conhecidos ajudam a compor o tabuleiro: Nizam Hayek, ex-BBB, chega rodado em reality e ciente do peso da edição e do jogo externo; Dudu Camargo, apresentador, carrega a imagem de TV aberta e o histórico de VT — que costuma polarizar percepções entre carisma e excesso; e Toninho Tornado, comediante com quase 4 milhões de seguidores no Instagram, tende a explorar humor, improviso e timing para se manter relevante nos blocos da edição.
Entre as apostas para movimentar a narrativa, a produção escalou influenciadores e artistas com públicos nichados: Renata Muller (criadora de conteúdo), Carol Lekker (Miss Bumbum), Gabily (cantora, conhecida também pela proximidade com Neymar), Guilherme Boury (ator), Saory Cardoso (influenciadora e ex-namorada de Marcello Novaes), Maria Caporusso (empresária e influenciadora), Matheus Martins (ator, modelo e DJ), Creo Kellab (ator) e Will Guimarães (modelo e DJ), entre outros. É a mistura clássica da franquia: quem já entra com torcida forte nas redes versus quem precisa construir história dentro da casa.
Para além das caras novas, a temporada chega com ajustes no visual e nas provas. O campo de desafios agora é todo iluminado por LEDs, o que dá mais liberdade de desenho de circuito, dinamismo noturno e impacto visual na TV. No dia a dia, a fazenda ganhou dois búfalos como novos “moradores”. Eles entram na rotina de cuidados dos peões, que precisam cumprir tarefas de manejo, alimentação e limpeza. Animal grande impõe responsabilidade: falta de organização vira punição coletiva e alimenta tretas.
Outro pilar que segue forte é o desafio do Fogo. Por sorteio semanal, alguns peões disputam o Lampião do Poder. Quem vence carrega duas chamas, cada uma com um efeito específico que só é revelado no dia de jogo. São cartas de impacto direto na formação da roça: podem inverter votos, anular indicações, salvar alguém ou empurrar um participante direto para a berlinda. A graça é que ninguém sabe ao certo o tamanho do estrago até a hora H — é o tipo de ferramenta que atravessa alianças e muda planos na última curva.
Adriane Galisteu volta com a missão de manter o ritmo de um formato que vive de edição, ganchos e viradas. Ao lado do diretor Rodrigo Carelli, a promessa é simples: aumentar a expectativa e a pressão jogando luz em conflitos, estratégias e, agora, na caça aos infiltrados. Nos bastidores, ex-campeões como Jaqueline Grohalski e Sacha Bali deram as caras e reforçaram o clima de “passagem de bastão” — a tradição do reality se alimenta dessas memórias.
O formato, criado em 2001 pela sueca Strix e adaptado com DNA brasileiro, se apoia em três eixos: convivência intensa, tarefas práticas e votação. O público vê rotina (acordar cedo para cuidar de bicho, cozinha compartilhada, faxina), pressão (provas valendo liderança ou poder especial) e estratégia (quem você protege hoje pode te colocar na berlinda amanhã). O que muda é o tempero de cada temporada. Neste ano, o jogo psicológico dos infiltrados rouba a cena na largada e promete respingar nas primeiras roças.
Para quem acompanha reality com planilha mental, alguns pontos merecem atenção nesta primeira semana: 1) quem forma os primeiros grupos e por quê; 2) quem gruda nos infiltrados sem perceber — afinidade rápida demais costuma acender alerta; 3) quem se protege nas provas e evita exposição gratuita; 4) como o Lampião embaralha o plano de votação; 5) quem vira narrador da própria história na casa, aquele que a edição gosta de ouvir.
O prêmio de R$ 2 milhões mantém a disputa quente até o fim, mas é o jogo de curto prazo que decide sobrevivência. Ninguém quer virar “plano B” de roça logo nas primeiras semanas, quando a casa ainda se organiza. Ao mesmo tempo, a ansiedade para desmascarar infiltrado pode produzir erro de leitura e voto precipitado. É a armadilha perfeita: caçar o espião e esquecer do adversário real.
Na prática, o público verá uma temporada em que comportamento vale tanto quanto desempenho. Quem administra rotina com bicho, prova noturna, privação de sono e pressão social ganha terreno. Quem produz treta por treta pode até gerar corte na edição, mas corre o risco de virar alvo de efeito de chama do Lampião ou de um contra-ataque de grupo. A Fazenda costuma premiar quem entrega entretenimento com cálculo, não só barulho.
A exibição é diária na Record TV, com recortes do dia, provas, formações de roça e momentos-chave do confinamento. É nessa cadência que o reality consolida seu enredo da semana: apresentação dos fatos, conflito, clímax e consequência. E, enquanto isso, a dúvida que alimenta a conversa no sofá e nas redes: quem é bom de jogo e quem só está em cena pela oportunidade do VT?
Por ora, a temporada entrega o que prometeu na estreia: um cenário mais ágil, elenco plural e um artifício narrativo — os infiltrados — que mexe com alianças e testa o faro dos participantes. As próximas formações de roça vão mostrar se a casa aprende rápido a ler sinais ou se a paranoia vai virar personagem fixo até o meio do jogo.
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